quarta-feira, 14 de abril de 2010

Azul? Amarelo? Laranja?

Quando se compõe uma identidade visual, todos os elementos são importantes. Ainda mais após o advento da TV a cores, para nós brasileiros no início da década de 1970, as vinhetas já vinham no novo padrão, até mesmo para surpreender os telespectadores.

Pois bem. Alguns podem se perguntar sobre quais elementos se fala numa vinheta. Reconheço não ter formação na parte de comunicação visual, ou em áreas correlatas, como nosso colunista Ivo Pereira - que teria muito mais propriedade em falar algo mais profundo, como o fez em artigo passado - mas é possível que indiquemos alguns pontos a respeito de uma identidade visual, que compõe qualquer telejornal. Primeiramente, o aspecto avançado, para passar o máximo de credibilidade sobre o tema tratado, a notícia; segundo, os "efeitos especiais" e por isso tantas vinhetas possuem barulhos, estrondos, flashes luminosos. Um deles, entretanto, é interessante: o padrão de cores usado numa vinheta de telejornal.

Interessante notar que boa parte dos canais - seja pelo vício de cópia ou não, nunca se sabe, mas se desconfia - adotam padrões parecidos. Jornais noturnos, cores escuras; jornais vespertinos, cores mais claras; jornais matutinos, cores mais quentes. Haveria uma razão para isso? Pensamos que sim.

Uma vinheta "quente" combina com a luz do sol, com o calor do momento. Uma mediana, com o início da tarde, e uma mais escura quando as luzes estão mais claras. Reparem nas tonalidades utilizadas por diversos dos telejornais que estão atualmente no ar: elas seguem esses padrões aparentemente padronizados, justamente para se identificarem com o momento do dia em que estão sendo exibidos. Afinal, chega até a causar desconforto se uma vinheta como a do Jornal Nacional tivesse as mesmas cores da do Bom Dia Brasil, quentes, que refletem o sol, como se a televisão pudesse "acender" a sala por um momento. Da mesma maneira que nas casas se evita uma lâmpada mais clara em ambientes como a sala-de-estar, assim entendemos que o padrão gráfico televisivo pensa de forma parecida.

Daí que o logo e a vinheta do JN pode até ter uma "pitada" de vermelho, mas sempre será azul - ou uma cor mais escura, talvez. Assim como a do Jornal da Record, da Band - que mistura cores típicas de entardecer - e a mais recente do SBT Brasil, que é praticamente "preto-no-branco". Outros abusam de tonalidades claras, como a mais recente do Fala Brasil, da Record. A dos jornais quase na madrugada, uma cor ainda mais sombria, como o roxo do Jornal da Globo.




Evidentemente ao falar disso não podemos nos ater ao padrão do passado, com vinhetas mais simples e padronizadas, como eram as da Globo - basicamente o logo da emissora e uma letra em face Futura para identificar o jornal - ou como a do Jornal do Almoço (RBS-TV) de meados da década de 1990, que eram mais produto de uma inovação gráfica do que de um conceito.

Com isso, notamos que todo o padrão cromático advém de um contato maior com o que o público deseja ver, com todo o conforto e praticidade que o telespectador espera de um telejornal. E, claro, a embalagem - trilha, vinheta, cenário e apresentadores - têm que estar corretamente ajustados.

Ainda sobre esse assunto, futuramente procuraremos analisar algumas vinhetas que deram certo, e outras que foram verdadeiros fracassos televisivos. Um deles já aponto, para dar o gostinho: a do Jornal Hoje, entre 2001 a 2006, com aquele horroroso logotipo de mapa-múndi feito às pressas.

Um abraço.
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CLEBER OLYMPIO é paulistano, advogado pela PUC/Campinas, locutor noticiarista pelo SENAC/SP e aprecia vinhetas de telejornais desde os 11 anos de idade. É o criador da comunidade "Vinhetas de Telejornais" no orkut. Siga-me no Twitter

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