sábado, 3 de julho de 2010

Praças TV, as "vinhetas móveis" da Globo

Desde 1983, a Rede Globo investe mais numa programação regional, trazendo notícias locais e desafogando os jornais de rede, como o JN e o Hoje. Atuando na produção regional, as emissoras e afiliadas passam a desenvolver programas próprios, com identidades igualmente próprias, mas que, por ocuparem lugar na grade global, precisam manter o padrão de qualidade. Está certo que nem sempre foi assim, e existem afiliadas que insistem em criações um tanto bizarras e que, com certeza, comentaremos aqui no blog.

O nosso foco de hoje é comentar a história das vinhetas do Praça TV, o nome dado aos jornais locais da Globo e suas afiliadas. Praça, pois assim é chamada a localidade, o Estado, em que o programa passa. Nas emissoras próprias da Globo, o padrão é identificado pela sigla do Estado + TV, como SPTV, RJTV, MGTV, DFTV e NETV, pois até então a emissora de Pernambuco atuava cobrindo essa região. Fazendo essa combinação "Estado + TV", os responsáveis pelo videografismo da Globo faziam, desde o começo, uma vinheta sem identificação, cabendo o acréscimo da sigla que daria nome ao jornal.

A primeira era ainda precária, produzida por animação gráfica simples, com fundo preto. O argumento permaneceu o mesmo até 2005: siglas voando, de todo o Brasil, e a do jornal local é selecionada. Essa que aparece no vídeo durou até 1986, e é exibida a partir de 2 minutos e 39 segundos.



O tema sofreu algumas alterações em 1986, ano de grandes mudanças gráficas em praticamente todas as aberturas globais. Com o advento de computação gráfica, as siglas pareciam deslizar sobre camadas sobrepostas, como numa viagem de ficção científica entre naves que transitam sobre vias aéreas. A sigla vem do meio delas, dá um impacto na tela e forma o conjunto do logotipo.



Essa abertura ficou no padrão até 1996.



Logo em meados de 1996, adotaram um padrão estilizado de "seleção de sigla", pois ela passava a incluir em si mesma fachos de luz, bastante coloridos, dando dinamismo à abertura, que passava a ter novo tema musical.



Essa vinheta durou pouco, sendo substituída logo depois pelo "padrão Intercine". Apelidamos dessa maneira, pois a abertura dessa sessão de filmes globais lembra - e muito - essa "dança das siglas vítreas":



Em fins de 1998, uma novidade. Como um teste para o que viria, a Globo de São Paulo inova mostrando uma nova vinheta para o SPTV, tanto na primeira quanto na segunda edição. O tema musical é totalmente diferente, e que foi usado na abertura seguinte.



No final de 1999 e início de 2000, a abertura que, na minha opinião, foi uma verdadeira revolução gráfica na Globo. Eu a apelidei de "balé dos retângulos azuis", e a meu ver foi uma das mais sensacionais já produzidas pela Editoria de Arte da emissora. O tema, suntuoso, provocou uma mudança no padrão global de jornalismo local. Os "TV" piscando, enquanto os retângulos dançavam pela tela, de modo sincronizado, até que um deles trazia a sigla, em tom amarelo.



Daí veio 2005 e a Globo desandou. Contrariando a tendência mundial de se fazer logotipos em 2D, planos, a equipe de Hans Donner faz uma música ainda mais sintetizada como trilha e, pior, insere no gráfico pilhas, que representam prédios. Para variar um pouco o estado, a vinheta abaixo é a do MSTV.



A pergunta que não quer calar: e as cidades menores, que nem prédio têm? O Brasil é todo urbano? E o que há por trás da sigla do Estado: seria um arquivo, um fichário? Fizeram tão bem feito em 1999 a 2005, acabaram com o padrão. O logo, estranho demais, em formato de cubo. A atual vinheta dos Praça TV é uma amostra de que o padrão pode ser bem piorado. Por descuido na hora de adaptar a sigla, surgem "aberrações" como a do vídeo a seguir, do GRTV:



Finalmente em 2009 a Globo passou a mudar a trilha de seus telejornais locais, tornando-a um pouco mais alegre.



De um modo bem sucinto, a história das vinhetas de telejornais locais da Globo mostra que a padronização é um elemento interessante de exibição de qualidade, permitindo que afiliadas, com até menos recursos e equipamentos, possam manter a "cara da Globo", nos mais diversos destinos deste País.

Opinamos pela troca dessa vinheta atual. Aguardamos uma nova inspiração da Editoria de Arte, que venha a nos surpreender, como aconteceu no começo da década passada.

______________________

CLEBER OLYMPIO é paulistano, advogado pela PUC/Campinas, locutor noticiarista pelo SENAC/SP e aprecia vinhetas de telejornais desde os 11 anos de idade. É o criador da comunidade "Vinhetas de Telejornais" no orkut. Siga-me no Twitter

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Atenção: não poste em CAIXA ALTA. Seja educado para ter seu comentário aprovado. Seja também objetivo.